segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nós somos os culpados


Período eleitoral, nada melhor pra poder te dar um tapa na cara que o longa que acabou de estrear: Tropa de Elite 2. O filme sai do micro pra ir pro macro. Sai do tráfico pra falar (e apresentar aos alienados) as milícias. Sai da corrupção da polícia pra mostrar a da política. Mostra a esfera que engloba todo o tráfico, expondo as raizes consolidadas e a razão de que isso é uma guerra mascarada. Uma guerra planejada pra que pensemos que exista uma. O fato é que, pra muitos (leia-se muitos mesmo), é uma guerra rentável. Interessante é perceber que o desejo que haja o tráfico não é, propriamente, dos traficantes. Há muitas razões periféricas que abraçam o problema. E essa é a função do filme. Mostrar para as pessoas, que tiveram e que não tiveram educação, o que está acontecendo, e em quem nós estamos confiando. É um filme que faz todo mundo sair surpreso e indignado com a realidade. O buraco realmente é bem mais em baixo. Ótima obra pra tentar fazer com que a sociedade saia da alienação e perceba que ela que é, na verdade, a origem de todo o problema. Pena que só veio agora. Tinha que ter sido estreado junto com as primeiras propagandas políticas. Talvez assim a responsabilidade pesasse e - quem sabe - um Tiririca da vida não estaria com a passagem marcada pra Brasília. Mas antes fosse só ele o problema.

É um filme que vale a pena ser visto. Não só pra contemplar uma bela produção (com equipe hollywoodiana pra efeitos especiais), mas sim pra prestigiar uma obra nacional altamente inteligente. É uma pena que não seja só ficção.

5 Comentários:

V.E disse...

saí do cinema dividido: feliz de ter visto o melhor filme nacional da década, e triste por ser tão fiel à realidade.

Naisa Nayane disse...

Ainda não vi, mas pretendo ver esse filme, gostei do 1° e desse 2° só ouvi boas críticas.

Fernando Quirino disse...

E ainda tem gente que diz que o filme tem uma construção alienante e discurso facista. Pelamor né? Tá na cara que o filme veio fazer um equilibrio e abranger uma gama muito maior da população, catarticamente para os mais esclarecidos e informativo para os menos... ou vice-versa, não sei.

O que interessa é que ele abra o debate sobre "o que pode ser feito sobre isso?", mesmo que seja mais um filme e novas discussões. Padilha está de parabéns nessa construção, ao lado dos consultores, Wagner Moura e elenco.

Anônimo disse...

pedro, pedro, com certeza saiu depois da eleição contra vontade dos produtores.. eu saí do cinema com esse mesmo pensamento, mas com a humilde satisfação de pelo menos ter saido antes do 2o turno.. você que está sempre conectado com Brasília deve estar familiarizado com a figura da "dona de casa mãe de família" querida dona marionete Weslian Roriz! Cada um tem o Tiririca que merece..

Letícia L. disse...

Realmente, o filme é ótimo e deu aquele 'up' no cinema nacional; é uma obra extremamente realista e funciona muito bem como crítica a sociedade. A gente sai do cinema revoltado, querendo mudar tudo e agora, porque "é uma pena que não seja só ficção". O José Padilha e toda sua equipe estão de parabéns, a atuação do Wagner Moura então, incrível.

Postar um comentário