Cê tem brochov?

Não falam de outra coisa: o tempo seco. O calor absurdo, a facilidade pra ocorrencia de queimadas, os vários problemas respiratórios, a idéia de jogar cachorrinhos no rio... ops... esse não. Enfim, sabe-se que agosto e setembro é a época mais fodida de todos os tempos. Pelo menos aqui na capital goiana.

Dizem que Goiânia só tem duas estações no ano: o verão e a estação ferroviária. E procede. Inverno aqui também é conhecido como pecuária. Quando ela começa, dizem que o inverno começou, porque daí é hora das piriguetes tirarem a bota dos maleiros e as golas altas dos armários. Se bem que, pra quem vive de uma temperatura média de 25 graus, quando o termometro chega nos 18, o goianiense se joga nos moletons e já fica batendo o queixo chiando do vento. É quando todos os calorentos, como eu, saem de casa com o mínimo de roupa possível pra congelar mermo, até porque não é sempre que se tem a oportunidade de sentir o frio.

É aí que chega a ironia da coisa. Nós, do cerrado, crescemos no sonho de sempre chegar o inverno pra que não sintamos o suor escorrer em nossa vida no cotidiano. Tem uma banda goiana, chamada Violins, que compos o seguinte verso na música Convênio: "Nos traga o inverno ou outono, tanto faz, é no verão que chove aqui". Começamos setembro agora e adivinha a estação nos contempla? Sim, já pode rir. Estamos no inverno, sentindo 35 graus na nossa nuca dia e noite rezando pra que chegue o verão com a chuva. Eis que eu vejo uma matéria pra revisar no jornal que eu trabalho: "Previsão de chuva somente dia 15 de outubro". Pausa. WHAT?

Falando nisso, mês passado o que tinha de filho-da-puta chiando no twitter do frio que tavam sentindo não era brincadeira. Minha vontade era de esfolar cada um num ralador e jogar cada um numa piscina de álcool bem simpática. Vão reclamar pra mãe de vocês, seus merdas. Ou vêm sentir o bafo de 35 graus que eu sinto na minha cara agora.

Mas é só nessa época que eu consigo comprovar um fenômeno do caralho. Dizem que nesses meses secos é altamente recomendável que bote uma bacia de água no quarto ou uma toalha molhada. Eu estendo uma toalha no chão ensopada de água, pingando praticamente. Se adianta, eu não sei. Acho que é tudo psicológico. O que eu acho engraçado é que quando eu acordo a toalha tá mais mais na seca que a vida sexual do Gabriel Mota, e a toalha mais dura que a renda mensal do Guilherme Toscano.

Eis que passei minha infância toda caindo na piadinha do "Cê tem brochov?". Hoje já sei responder: Não, não mais. Droga, droga droga DROGA!