De mIRC a Formspring

Anônimos tentando ser famosos, famosos fugindo de tal aplicativo. É nessa vibe que o formspring aparece e contagia uma esfera e tanto de internautas viciados por novidades. Feliz a época que todos se contentavam com o mIRC, seus amigos, suas metas para serem @OP, +voice e seus trabalhos árduos para conseguir. Ou até quando todos só tinham ao MSN e achavam que aquilo era suficiente.
Veio o fotolog, e disseminou. Fotolog, fotoblog, blogão, caralhoaquatro, se espalhou entre a galera e todos se viam em uma necessidade de registrar mais ainda seus momentos para alimentar seus fotosites para disputar por originalidade, beleza e carisma aos visitantes. Orkut veio nessa onda e todos pareciam aceitar, gradativamente, a idéia de se restringir em (até então) 12 fotos e usar tal aplicativo para... recados (?!). A idéia, porém, pegou e o jornal de fotos foi parando até ninguém mais sentir falta. Depois disso, uma série de novos aplicativos foram entrando para saciar a fome insaciável dos internautas por novidades. Os brasileiros descobriram o facebook, o lastfm, myspace e flickr. Os mais curiosos tiveram acesso ao orangotag e ao listal. Sempre foi necessário uma coisa nova pra entreter, pra sair da rotina maldita de somente conversar com os amigos. Criou-se a necessidade de ter um aplicativo mais egocêntrico que mostrasse suas músicas preferidas ou até as séries que mais assiste (e quais episódios já assistiu!).
Numa vibe intimista entrou o blogspot no meio e ofereceu um canto mais individual à criações originais e desde então não parou. Blogs de poesia, blogs de moda, de notícia, fofoca e até blog de humor. Alguns falham em seus objetivos (rs......) outros crescem e crescem a tal ponto que transformam dessa "brincadeira" um expediente de trabalho e um fim profissional E RENTÁVEL (que é o mais importante, certo?). Indiscutivelmente foi uma ótima ferramenta pra divulgar seu potencial e descobrir talentos. Até que o twitter veio e acabou com a graça de todo mundo. Acho que não vou esmiuçar a importância que isso tomou de 1 ano (ou mais) pra cá porque é notável. Algo que transpassa os limites virtuais para ser difundido pra vários canais de comunicação de nome, políticos, famosos, empresas e seus empresários... bem, você já sabe.
No meio disso tudo, surge algo, no mínimo, interessante. Formspring entrou na web com um propósito bastante simples, porém com um potencial grotesco de assimilação. Trata de uma conta que se faz para que você receba pergunta de todas as espécies, gêneros, coerencias e (in)conveniencias. Por que algo tão bobo faria sucesso, tio Pedro? Não é muito difícil observar a necessidade que o ser humano tem, principalmente hoje, de se auto-afirmar. De mostrar quem é. O que é capaz de fazer. Ele precisa ser notado! O que remete mais essa idéia egocêntrica do que uma espécie de entrevista poderia causar em qualquer um. Pô, alguém TE perguntando algo, olha só que importante?! (#not) Mas é bem nessa vibe mesmo que o aplicativo entrou e já viciou todo mundo. E na minha opinião, o que faz com que tenha tanta graça nisso é o fato de você poder perguntar o que quiser pra quem for sem mostrar sua identidade. Alguns ficam putos com isso e marcam a opção de barrar perguntas de tais desconhecidos, mas isso não deixa sua importância de lado. Eu sei, você sabe, todos sabem que existem escrúpulos e esses não nos deixam perguntar e dar a cara a tapa 100% das vezes para saber de coisas às vezes (muito) engraçadas e outras bastante comprometedoras. Cabe somente a você responder (ou não) a pergunta. Se você for fresco e achar que invade sua privacidade, que tudo tem limite, e que certas coisas não se perguntam, você tem total liberdade de simplesmente deletar a pergunta e responder a que for mais conveniente.
Saiba que do mesmo modo que você vai descobrir muito sobre teu amigo perguntando e/ou lendo perguntas já feitas, você tá propenso a receber outras e sentir alguém arrancando uma certa privacidade que você poderia ter, mesmo porque imagino eu que ninguém chegou pra ti na primeira vez que te conheceu e perguntou algo do tipo "Quantos anos você perdeu a virgindade?", "Qual sua posição sexual preferida?" ou "Você geme por quantos segundos quando g***?". De antemão eu já respondo essas...

(Texto sugerido por mais uma leitora assídua do blog, @AndressaSimaro)

E na sua opinião, qual aplicativo que mais marcou sua vida... virtual?