O 18° aniversário de qualquer cidadão é um marco. Depois disso (e só depois disso, ca-ham), você pode beber, você pode fumar, você pode entrar em boates e pubs, e sabe o que mais? VOCÊ PODE SER PRESO! YES, you can! Mesmo porque todos nós, brasileiros, desde de nosso nascimento, sempre quisemos ser presos, né? Enfim. Mas como nem tudo são rosas, há um impasse. Agora me referindo exclusivamente dos cidadãos do gênero masculino: o tão temido EXÉRCITO.
No ano em que o aborrecente djovem completa 18 anos, o mesmo deverá se alistar. É um compromisso militar, um dever do cidadão (Aham, Cláudia, senta lá). Não vou me prolongar no quesito alistamento. Para saber mais, clique aqui. Vamos agora pra segunda parte: apresentação. No dia do alistamento, eles te dão uma data pra nos apresentarmos novamente à Junta Militar. Normalmente em... agosto. Sim, eu tive que voltar e olhar pra mesma mulher que eu gritei. Mas essa não é a pior parte. Chegaremos lá. Ela disse pra eu me apresentar dois dias depois no quartel. Não gritei dessa vez, só pra constar. Peguei meu papel e voltei pra casa. Eles marcam a apresentação pra 6h30 da manhã. Só que eles não pensam que o quartel fica no inferno outro lado da cidade. Meio que: "AH, EU SÓ ME FODO AQUI, TAMBÉM VOU FODER COM GERAL. QUERO GERAL ACORDANDO 5H DA MANHÃ MUAHAHAHA". Bem isso. Tudo escuro. Você acorda e xinga o exército em todos os idiomas. Olha pela janela e vê a cidade dormindo. Vê aqueles símbolos referentes ao sono ("zZzZz") em cima de cada casa. Juro que dá vontade de sair pela cidade num trio elétrico, com um rock à la Brujeria, buzinando, gritando "AE FILHA DA PUTADA, ACORDA AE TAMBÉM CARALHOOOOO. YUHULLL". Ok, chegando lá, já somos bem-recebidos. O muleque da minha frente saiu da fila e andou em direção ao soldado.
- AE, MULEQUE. VOLTA PRA FILA.
- Não, mas eu...
- VOLTA PRA FILA CARALHO!
Eu-tremi-as-bases. Soldado é tudo cuzão, né. Galera sofre tanto por ser um nada lá dentro, por ter o nível mais baixo de poder que, quando tem vê alguém que se encontra abaixo do seu medíocre posto, esbanja tudo que tem direito. Bem, voltando. Fiquei numa fila com mais uns... 50 cuecas. Tava um frio do caralho! (levem agasalhos, baixinhos!) De tempos em tempos, um soldado vinha e escolhia uma galera mais alta e forte pra ir pro final da fila. Me emborquei pra disfarçar a altura. Mas não poderia deixar de lembrar do herói do dia: um dia antes eu mandei fazer o óculos de grau que eu precisava há uns... 3 meses. Fui com o próprio. E vocês devem saber, pessoal de óculos lá é um inválido, um nada, ou seja, dispensa na certa, e era isso que eu queria. Não fui escolhido, como vocês já devem ter concluído. Eu e a galera cega fomos ver uns vídeos egocêntricos do exército e logo depois veio um soldado (ou cabo, general, ou qualquer coisa *eles usam o mesmo uniforme e eu não sei diferenciar um cargo de outro*) falar do quão sensacional é fazer parte da "equipe patriota militar de defesa ao país". "Seus pais se orgulhariam". Ok, all I could hear were 'blablablabla...'. Depois começaram a chamar nomes e dar senha a cada indivíduo. Logo após isso um soldado veio e me perguntou:
- Quanto é seu grau?
- Erm... 1.
- Só um?
Essa é a hora que eu pensei CARALHO, POR QUE VOCÊ NÃO DISSE 8,5 EM UM OLHO E 12,7 EM OUTRO? Enfim, já era. Mas o indivíduo tava em um bom dia e me mandou pra fila dos cegos. Relaxa, não vou prolongar essa história. O fato é que só nos perguntaram qual defeito visual temos e depois já nos mandaram pra cabine de dispensa. Quando eu vi a placa da cabana (sim, lá a galera jura que tá numa floresta e monta barracas em todo lugar) "ÁREA DE DISPENSA" eu parecia um africano quando vê um sanduíche, um soldado quando vê um conscrito ou até o Toscano quando vê um CD novo do Fresno. Ri internamente. Fui dispensado em 1 hora e 50 minutos. Saí do quartel 8h20 enquanto a galera tava fazendo mil exames, vendo palestras e aturando conversa de soldados loucos (sim, tinha um que toda hora falava "Ronaldo". Sim, aleatoriamente. A galera do futebol toda ria e enquanto isso vinha um "Q" na minha cabeça) até umas 2 da tarde. Nesse quesito nada a reclamar, Exército mandou super bem.
Venho por meio desta pra dizer aos indivíduos (que não se apresentaram ainda) que não querem servir: inventem, antecipadamente, impasses. Eu tenho sim problema de vista. Sutil, mas tenho. O fato é que qualquer um poderia botar um óculos e dizer que tem defeito visual. Não fizeram NENHUM exame médico. Nada. Não que eu tenha achado ruim, rs. Essa é a hora de se olhar no espelho e se orgulhar de cada defeito. "OLHA MOÇO, EU TENHO DALTONISMO, ANEMIA, ESCOLIOSE, DERRAME NO JOELHO, AIDS E... VÊ UM... *olha o cardápio* COÁGULO NO CÉREBRO, POR FAVOR". Assim todo mundo fica feliz. Você fica feliz por ser dispensado, os conscritos que querem servir também e o Exército de não ter pego um picareta como você (ou eu).
[UPDATE]
Tem um cara que se chama Pedro Lobato e esse cara tem um blog chamado Papo de Jaca (Além de escrever para o Almanaque Virtual da UOL). Ele não é só "mais um leitor" do RisosPonto, ele nos acompanha desde que começamos a esboçar o projeto desse blog, sendo o primeiro a ler a maioria dos posts (antes de nós mesmos do blog), saber das novidades antes de todo mundo e sempre dar sua opinião sobre o que deve ser escrito e como está os textos. O que aconteceu foi o seguinte: o Pedro Lobato tem um ótimo texto sobre alistamento militar e uma simpática leitora (Oi, Poliana!) apontou semelhanças entre os dois textos. O Pedro Lobato é nosso amigo, sendo muitos textos originados de conversas envolvendo ele. O assunto é o mesmo, porém a forma e a abordagem como foi apresentado cada texto se diferencia pelo estilo e experiência pessoal de cada um dos dois autores.
Nós do blog RisosPonto não apoiamos nenhum tipo de cópia e "kibagem", primando por textos autorais. Pedimos desculpa se causamos qualquer tipo de transtorno para o Pedro Lobato que, mais uma vez, é muito mais que um leitor, é um AMIGO.