Confissões de um Emo.

Galera, eu gosto de Fresno. Pronto, falei.

É sério, galera. To zoando não, meus amigos e co-autores de blog podem confirmar pra vocês aí nos comentários. Eu escuto mesmo. Dá uma conferida no meu LastFm então, galera.

Ok, a primeira vez que eu ouvi falar de Fresno na minha vida foi no longínquo ano de 1993 dois mil e algum pouquinho, quando eu frequentava o site Trama Virtual. É aquele mesmo do programa da multishow apresentado pelo filho da Elis Regina que não sabe cantar, só que na época que o trama virtual era mais underground. Ok, esse site tinha um ranking das músicas mais ouvidas, e dos 5 primeiros lugares, pelo menos uns 3 era dessa tal banda chamada Fresno. Primeiro lugar: "Cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas". Velho, vai tomar no cu, que nome de música zoado! Conheço umas músicas punks que tem menos palavras na letra inteira do que essa tem no título e, porra, vai ser gay assim lá na puta que me pariu. Resultado, nunca ouvi a banda e esqueci da existência dela.

Pouco tempo depois, a moda "Emo" explodiu. Começaram a surgir milhares de emos em todos os lugares do mundo e mil bandas emos tocando na tv. Dessas bandas, duas eu acabei escutando. Nxzero e seus integrantes com nomes monossilábicos, (Di, Phi, Pi, Qui, Ni, Li e Mi), uma música bem ruim de se ouvir, uns falsetes de fazer o Matthew Bellamy vomitar, e um visual, digamos, escroto. A outra banda se chamava Dance of Days. Uma amiga minha era apaixonada por eles, mesmo ela não sendo ema, e me mandou umas músicas. Sério, o cara era tão desafinado que nem a mãe dele devia gostar dele cantando. E umas paradas de corcel verde, umas letras bem zoadas também, que nem o visual do vocalista. Então pra mim, era banda emo, era igual essas duas e eu queria passar longe.

Porém, foi muito depois disso que o Fresno surgiu realmente pra mim. Ano passado, estava eu e meu sogro no Wal-Mart fazendo umas compras para fazer pizza na casa dele. Ele escolhia, ele colocava no carrinho, ele pagava, eu só fazia companhia. No fim das compras, passamos perto de uma tv que passava um show no Planeta Atlântida, mais especificamente, essa música (eu não disse "Uma Música").

E a parte que eu peguei enquanto esperava meu sogro comprar uns remédios foi justamente o discurso que ele faz antes de cantar. E, cara, eu me vi ali, fazendo o mesmo discurso. O cara falou o que eu gostaria de estar falando daqui a alguns anos, e que o Dinho dos Mamonas falou um dia. Aquela mensagem de "Porra, um dia nós estivemos aí e nosso sonho era chegar aqui, e agora estamos aqui, não desista”. Causou um impacto grande em mim. Aí eles começaram a cantar, e porra, era uma banda emo! Mas até que tinha uma mensagem legal, cara. Chegando em casa, em uma pesquisa rápida na internet, descobri que a música em questão se chamava Pólo e que a banda se chamava Fresno, justamente aquela banda que eu reneguei há uns anos.

Foi difícil aceitar que a mesma banda que me cativou com um discurso maneiro era a banda que tinha uma música chamada "Cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas". Fui pedir ajuda para pessoas mais esclarecidas que eu, para ver qual posição eu deveria tomar, já que me descobri gostando de uma banda emo. A minha surpresa foi, os sábios que consultei me incentivaram e apontaram essa banda como legal, apesar de ser emo e que eu deveria puxar um cd deles. Puxei, e... gostei. Cara, eu me identifiquei com as letras dos caras de uma maneira que eu não me identificava (que nosso senhor Sérgio Filho me perdoe) desde que eu ouvi Gram pela primeira vez. Eu não tinha mais argumentos, eu realmente gostava daquilo e não podia me conter para não ouvir.

Hoje em dia eu escuto Fresno, e não me envergonho disso. Muitas pessoas se assustam quando descobrem, mas eu costumo assumir meus defeitos. Não tento defender nem tento convencer as pessoas a gostarem de Fresno. Mas eu escuto, e eu gosto. É foda tentar defender já que os caras muitas vezes mandam mal pra caralho (vide comparação do Lucas Fresno com o Mr Catra no CQC e xiliquinho de Lucas Fresno com uma ex-namorada ou algo assim), mas os caras mandam bem as vezes (Lucas e Tavares num programa de praia do Lobão e Lucas participando do clipe de Furfle Feelings do Marcelo Adnet). Então eu tento mostrar pras pessoas que Fresno não é uma coisa tão sofrível assim, e que se você der uma chance, você pode acabar gostando. Agora, querem uma dica de coração? Não dêem a tal chance, vai que vocês gostam e vocês terão que passar pelas mesmas humilhações que eu passo.

Ps. Se alguém quiser me dar uma camiseta do Fresno de presente, eu visto M.